Terminei ontem (sábado) a leitura de Lima Barreto Triste Visionário. Confesso que protelei a leitura.
Primeiro pelo calhamaço 646 páginas, depois pelo título com o adjetivo triste...em tempos já tão tristonhos eu ainda teria a empreitada de ler algo triste e por último pelo próprio Lima, eu sabia que vinha chumbo grosso.
E a leitura começou no início de setembro e 23 dias depois foi concluída, com aquele ar de missão cumprida. Sim. Lima é triste. Lima foi uma espécie de derrotado, mas Lima foi um homem fantástico, supimpa e muito inteligente. Na biografia lida quantas vezes eu torci para que ele desse a volta por cima, parasse de beber, fosse agraciado pela Academia Brasileira de Letras, tivesse seu nome reconhecido e até arrumasse uma namorada e casasse com ela! Torci tanto! Mas nada disso acontece. Lima é a representação do brasileiro pobre, dos sonhos não realizados, da fraqueza pelo vício, da verve inteligente e sarcástica, do brasileiro bola dentro com ares de bola fora. Lima Barreto é o retrato do Brasil.
O livro de Schwarcz apresenta todos os aspectos da vida contraditória (ela escreve ambivalente) do escritor e por repetir tantas vezes a palavra azeitonada característica que Lima dá para a pele da maioria dos pretos, começo a ver também as azeitonas de modo diferente.
Ele foi um visionário, inteligentíssimo, mas também foi triste.
Sua solidão me marcou profundamente. Sua fraqueza pela bebida mais ainda.
A autora com carinho fala de tudo e ressalta a importância do primeiro biógrafo de Lima, o senhor Francisco Assis Barbosa, o homem que fez a primeira biografia de Lima e que relançou todos os seus textos, contos e romances na década de 1950 e que pertenceu à Academia Brasileira de Letras muito graças ao trabalho realizado pela biografia de Lima Barreto.
Enfim, creio que a maior homenagem a um escritor é ler seus textos!
Lima, estou lendo!
Leiamos mais Lima Barreto!
Leiamos. Leiamos.