quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Como demoro para publicar aqui, sempre esqueço a senha e fica um pouco difícil publicar, mas gostaria de deixar o meu recado com esse pequeno poema do Zack. Precisamos ser singulares antes de querermos ser plural. Antes de fazer nossa voz em uníssono, é preciso saber do que estamos falando e não esquecer a humildade.
Desejo a mim e a todos os que estiverem lendo (coisa que acho difícil) um feliz 2018!
Desejo a mim e a todos os que estiverem lendo (coisa que acho difícil) um feliz 2018!
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Dica de aula
Dois mundos, duas vidas e muita coisa em comum entre estes dois adolescentes.
domingo, 15 de outubro de 2017
Parabéns aos meus professores da UFMG, aos meus colegas professores, aos meus amigos professores, aos meus tios professores, à minha avó professora rural que hoje está com 97 anos, aos meus primos professores, à vida que está sendo uma excelente professora para mim, à minha mãe que é professora do amor incondicional, dá 10 em cada atividade e até justifica o dez, aos meus alunos professores que me ensinam...enfim, ao mestre dos mestres Jesus Cristo que bebia vinho, gostava de uma boemia e era excelente professor! Salve, salve professores em tempos difíceis.😍
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
domingo, 1 de outubro de 2017
domingo, 24 de setembro de 2017
O Homem que sabia Javanês
Mais um pouco de Lima. Filme inspirado no conto "O homem que sabia javanês" de Lima Barreto.
Lima Barreto por Lilia Moritz Schwarcz
Terminei ontem (sábado) a leitura de Lima Barreto Triste Visionário. Confesso que protelei a leitura.
Primeiro pelo calhamaço 646 páginas, depois pelo título com o adjetivo triste...em tempos já tão tristonhos eu ainda teria a empreitada de ler algo triste e por último pelo próprio Lima, eu sabia que vinha chumbo grosso.
E a leitura começou no início de setembro e 23 dias depois foi concluída, com aquele ar de missão cumprida. Sim. Lima é triste. Lima foi uma espécie de derrotado, mas Lima foi um homem fantástico, supimpa e muito inteligente. Na biografia lida quantas vezes eu torci para que ele desse a volta por cima, parasse de beber, fosse agraciado pela Academia Brasileira de Letras, tivesse seu nome reconhecido e até arrumasse uma namorada e casasse com ela! Torci tanto! Mas nada disso acontece. Lima é a representação do brasileiro pobre, dos sonhos não realizados, da fraqueza pelo vício, da verve inteligente e sarcástica, do brasileiro bola dentro com ares de bola fora. Lima Barreto é o retrato do Brasil.
O livro de Schwarcz apresenta todos os aspectos da vida contraditória (ela escreve ambivalente) do escritor e por repetir tantas vezes a palavra azeitonada característica que Lima dá para a pele da maioria dos pretos, começo a ver também as azeitonas de modo diferente.
Ele foi um visionário, inteligentíssimo, mas também foi triste.
Sua solidão me marcou profundamente. Sua fraqueza pela bebida mais ainda.
A autora com carinho fala de tudo e ressalta a importância do primeiro biógrafo de Lima, o senhor Francisco Assis Barbosa, o homem que fez a primeira biografia de Lima e que relançou todos os seus textos, contos e romances na década de 1950 e que pertenceu à Academia Brasileira de Letras muito graças ao trabalho realizado pela biografia de Lima Barreto.
Enfim, creio que a maior homenagem a um escritor é ler seus textos!
Lima, estou lendo!
Leiamos mais Lima Barreto!
Leiamos. Leiamos.
terça-feira, 12 de setembro de 2017
Ah...ingenuidade
Ah a ingenuidade
daqueles que foram
daqueles que ficaram...
Eu sou ingênua...
Será que sou burra?
Será que sou adestrada?
Sou tonta
Sou tola,
Mediocre
Ignorante
Avara
Imbecil.
Ah a ingenuidade.
Acredito na palavra dos outros
Acredito na palava
Acredito nos outros.
Ah e a ingenuidade
Somos duas,
Somos unidas
Somos tantas
Somos outras
Acredito
Por uma
Por outras
Acredito
Até que me provem o contrário.
daqueles que foram
daqueles que ficaram...
Eu sou ingênua...
Será que sou burra?
Será que sou adestrada?
Sou tonta
Sou tola,
Mediocre
Ignorante
Avara
Imbecil.
Ah a ingenuidade.
Acredito na palavra dos outros
Acredito na palava
Acredito nos outros.
Ah e a ingenuidade
Somos duas,
Somos unidas
Somos tantas
Somos outras
Acredito
Por uma
Por outras
Acredito
Até que me provem o contrário.
terça-feira, 5 de setembro de 2017
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
sábado, 12 de agosto de 2017
Terminando de ler o livro. Há muitas vozes, é preciso conhecê-las. À princípio confundia as vozes de Jean com a de Max...mas depois a leitura foi tomando ritmo e acabei ficando "amiga" dos personagens. A construção do livro é legal, apesar de parecer comercial. Muitas imagens podemos ter dos lugares, das personagens. Tive a impressão de o que livro dará um filme interessante, talvez até mais interessante do que o próprio livro... Será que falei alguma blasfêmia ????????????
Bom sábado.
Ótimo dia dos pais!
terça-feira, 8 de agosto de 2017
quarta-feira, 26 de julho de 2017
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Uma leitura puxa outra
E depois de ler "As barbas do Imperador", "Esaú e Jacó" preparo-me para mais esta leitura que parece ser maravilhosa. Uma extensa obra sobre a vida de Lima Barreto ! É impossível parar de ler quando o interesse por assuntos de literatura e história temos a todo instante. Uma obra dessa é um patrimônio cultural imenso ao país. Obrigada, autora!
As barbas do Imperador
O livro que me levou a Esaú e Jacó foi este...
Pra quem gosta de história do Brasil, uma delícia de ler e de ver as fotografias e conhecer a história de Dom Pedro II.
<3
Pra quem gosta de história do Brasil, uma delícia de ler e de ver as fotografias e conhecer a história de Dom Pedro II.
<3
Esaú e Jacó
Esaú e Jacó, Pedro e Paulo, são os personagens desta narrativa de Machado de Assis, comecei a ler o livro porque em outro livro que estava lendo "As barbas do Imperador", a autora sempre fazia referência à obra...aí fui lá saber por que. Confesso que ainda não tinha lido, e para minha surpresa foi bem legal. A narrativa, o enredo...e principalmente, as impressões de Machado de Assis sobre a mudança da Monarquia para a República e foi por isso que a autora de "As barbas do Imperador" cita várias vezes esta obra. O enredo de Machado é interessado, dois gêmeos apaixonados por uma mesma menina, a Flora, e Natividade tentando apaziguar os ânimos entre os irmãos que desde o seio materno viviam a brigar.
O melhor entretanto é a narrativa sobre a mudança do regime.
Vale a pena ler e observar este viés.
O melhor entretanto é a narrativa sobre a mudança do regime.
Vale a pena ler e observar este viés.
terça-feira, 23 de maio de 2017
terça-feira, 2 de maio de 2017
terça-feira, 18 de abril de 2017
Momento Desabafo
Ontem foi uma segunda feira tenebrosa porque entreguei as redações corrigidas para os meus alunos do 1 ano da EJA, são alunos entre 199 e 50 anos, estudantes do noturno e desde o início do ano letivo ressabiados com as aulas de português e com um estorvo chamado r e d a ç ã o. Nossa escola estadual tem por critério (louvável) dar um redação avaliativa no bimestre...sim...isso mesmo...no bimestre e antes o professor (que sou eu) trabalha possíveis temas com os alunos, pede redações para eles elaborarem e na medida do possível vai corrigindo individualmente as mesmas, chamando cada aluno em particular para fazer as observações e adequações necessárias, sem avaliá-los. Isso eu fiz com os que solicitaram esse atendimento individual, porque ele não é obrigatório. Pois bem, corrigi as redações, em cada uma delas escrevi um comentário e ontem foi o dia em que fui crucificada...porque a maioria não tirou a média de 60% em 8,0 pontos. Havia erros estruturais no gênero solicitado: argumentativo-dissertativo, as ideias eram repetitivas, os erros ortográficos enormes, sem falar nos erros de concordância nominal ou verbal. O tema da redação foi o desarmamento, para os estudantes se posicionarem a respeito do tema. A maioria não se posicionou, ficou em cima do muro, não tinha argumentos, copiou uma parte dos textos motivadores, não fizeram parágrafos, saltaram linhas, muitas letras foram ilegíveis. Ao entregar as redações, muitos não concordaram com a nota, falaram que eu intimido os alunos, que os deixo pra baixo e que não sei me expressar...ou seja, o problema é meu. E aí eu fico perplexa com a capacidade deles em distorcer os fatos, falaram que os professores paralisaram, que houve greve...sendo que dou aula para eles na sexta feira, último horário e em três aulas tive dois alunos apenas, o restante "matou" aula.
Não seja professor, se for faça por amor.
sábado, 8 de abril de 2017
http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR98941
Nós, servidores da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), profissionais e instituições envolvidos com a área de BIBLIOTECONOMIA e CULTURA, vimos, por meio desta, manifestar nossa veemente indignação e repúdio à atuação do Ministério da Cultura (MinC) no que diz respeito às discussões da legislação referentes ao Depósito Legal e à guarda de publicações digitais, bem como a retirada da servidora Luciana Grings do Grupo de Trabalho (GT) sobre o tema.
O Depósito Legal é um poder-dever concedido à FBN (como a todas as Bibliotecas Nacionais do mundo) para recolher um exemplar de todas as obras publicadas em território nacional. O objetivo do dispositivo legal é a preservação desta memória. Entendemos a descentralização do Depósito Legal como interferência em atos administrativos e processos, com o objetivo de desmonte da estrutura principal da FBN, órgão cuja missão fundamental é a preservação da memória bibliográfica brasileira.
Ressaltamos também o processo desrespeitoso pelo qual as discussões de revisão da legislação estão sendo conduzidas pelo MinC. A Biblioteca Nacional, principal interessada e implicada no sistema de Depósito Legal, não foi consultada a respeito da criação de um GT, composto de forma autocrática para a revisão da lei. Segundo matéria veiculada no site do MinC, em 16 de março de 2017, representantes de uma empresa transnacional de comércio eletrônico norte-americana, a Amazon, foram convidados pelo Ministro da Cultura, Roberto Freire, a participarem de “um Grupo de Trabalho [...] com o objetivo de analisar, discutir e propor reformas na legislação”. Somos enfaticamente contrários à inserção de uma empresa privada de fins comerciais em diálogos que envolvam a manutenção do patrimônio público brasileiro.
Diante desses inaceitáveis acontecimentos, prestamos apoio e endossamos as palavras da profissional servidora de carreira da FBN, Luciana Grings, coordenadora de Serviços Bibliográficos, sob o qual se encontra a área responsável pelo Depósito Legal. Após ser indicada como membro representante da FBN, em resposta ao Ofício do MinC nº 035/2017, de 06 de fevereiro de 2017, a funcionária sofreu retaliações por causa de entrevista realizada ao periódico online Biblioo, na qual criticava a postura do MinC. No último dia 05 de abril de 2017, a mesma foi removida do GT. Destacamos que a servidora foi escolhida para compor o grupo por sua capacitação profissional e produção de conhecimento acadêmico sobre o assunto, com publicações referentes à Lei. A remoção arbitrária de Luciana Grings do GT, além de perseguição política, configura uma censura de vozes dissonantes ao discurso e proposta da gestão atual do MinC.
Queremos, portanto, uma revisão da atitude tomada pelo MinC e pelo Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, órgão ao qual a FBN não está subordinada, através de uma retratação e retomada de decisões com protagonismo efetivo da principal instituição responsável pelo Depósito Legal, tal como o cancelamento do GT, instituído de forma autoritária e irregular, através de interferências administrativas. O GT, como está composto atualmente, fere os princípios da administração pública e ofende o interesse coletivo, pois intenta alterar uma legislação referente a processos técnicos fundamentais para a preservação do patrimônio nacional.
Assinam essa carta,
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDOS DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL (ASBN)
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO IPHAN (ASPHAN)
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA FUNARTE (ASSERTE)
NÃO ao desmonte da Biblioteca Nacional do Brasil
Para: Ao Ministério da Cultura
Nós, servidores da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), profissionais e instituições envolvidos com a área de BIBLIOTECONOMIA e CULTURA, vimos, por meio desta, manifestar nossa veemente indignação e repúdio à atuação do Ministério da Cultura (MinC) no que diz respeito às discussões da legislação referentes ao Depósito Legal e à guarda de publicações digitais, bem como a retirada da servidora Luciana Grings do Grupo de Trabalho (GT) sobre o tema.
O Depósito Legal é um poder-dever concedido à FBN (como a todas as Bibliotecas Nacionais do mundo) para recolher um exemplar de todas as obras publicadas em território nacional. O objetivo do dispositivo legal é a preservação desta memória. Entendemos a descentralização do Depósito Legal como interferência em atos administrativos e processos, com o objetivo de desmonte da estrutura principal da FBN, órgão cuja missão fundamental é a preservação da memória bibliográfica brasileira.
Ressaltamos também o processo desrespeitoso pelo qual as discussões de revisão da legislação estão sendo conduzidas pelo MinC. A Biblioteca Nacional, principal interessada e implicada no sistema de Depósito Legal, não foi consultada a respeito da criação de um GT, composto de forma autocrática para a revisão da lei. Segundo matéria veiculada no site do MinC, em 16 de março de 2017, representantes de uma empresa transnacional de comércio eletrônico norte-americana, a Amazon, foram convidados pelo Ministro da Cultura, Roberto Freire, a participarem de “um Grupo de Trabalho [...] com o objetivo de analisar, discutir e propor reformas na legislação”. Somos enfaticamente contrários à inserção de uma empresa privada de fins comerciais em diálogos que envolvam a manutenção do patrimônio público brasileiro.
Diante desses inaceitáveis acontecimentos, prestamos apoio e endossamos as palavras da profissional servidora de carreira da FBN, Luciana Grings, coordenadora de Serviços Bibliográficos, sob o qual se encontra a área responsável pelo Depósito Legal. Após ser indicada como membro representante da FBN, em resposta ao Ofício do MinC nº 035/2017, de 06 de fevereiro de 2017, a funcionária sofreu retaliações por causa de entrevista realizada ao periódico online Biblioo, na qual criticava a postura do MinC. No último dia 05 de abril de 2017, a mesma foi removida do GT. Destacamos que a servidora foi escolhida para compor o grupo por sua capacitação profissional e produção de conhecimento acadêmico sobre o assunto, com publicações referentes à Lei. A remoção arbitrária de Luciana Grings do GT, além de perseguição política, configura uma censura de vozes dissonantes ao discurso e proposta da gestão atual do MinC.
Queremos, portanto, uma revisão da atitude tomada pelo MinC e pelo Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, órgão ao qual a FBN não está subordinada, através de uma retratação e retomada de decisões com protagonismo efetivo da principal instituição responsável pelo Depósito Legal, tal como o cancelamento do GT, instituído de forma autoritária e irregular, através de interferências administrativas. O GT, como está composto atualmente, fere os princípios da administração pública e ofende o interesse coletivo, pois intenta alterar uma legislação referente a processos técnicos fundamentais para a preservação do patrimônio nacional.
Assinam essa carta,
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDOS DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL (ASBN)
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO IPHAN (ASPHAN)
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA FUNARTE (ASSERTE)
Fonte: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR98941
quinta-feira, 6 de abril de 2017
A idade das trevas voltou.
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873366-ministerio-tira-identidade-de-genero-e-orientacao-sexual-da-base-curricular.shtml
Para mim o retrocesso destas medidas só indicam o atraso, a falta de respeito, o desdém pelo povo, pela diversidade e suas múltiplas facetas neste mundão de Deus.
Oremos.
Para mim o retrocesso destas medidas só indicam o atraso, a falta de respeito, o desdém pelo povo, pela diversidade e suas múltiplas facetas neste mundão de Deus.
Oremos.
sábado, 4 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Última entrevista de Zygmunt Bauman...
A epicúrea ausência de perturbações. A agostiniana "confirmação" de mérito e virtude. O benthamiano comprazimento do Eu na satisfação da necessidade do Outro. Até chegar ao reconhecimento civil e político de um direito humano, que a modernidade, não raramente, transformou em privilégio.
A reportagem é de Valeria Arnaldi, publicada no jornal Il Messaggero, 03-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A felicidade é um conceito – talvez utopia – sem tempo, mas, de fato, pela sua própria natureza, fortemente ligado à época de cujos valores e de cujas aspirações ele se faz imagem e parâmetro.
E, assim, em um momento histórico de crise, é precisamente ao confronto entre ideal de felicidade e sentimento de infelicidade que filosofia e sociologia olham para indagar a contemporaneidade.
Não é por acaso que a felicidade é um dos temas de pesquisa de Zygmunt Bauman, pai da chamada "sociedade líquida", agora entre os convidados do festival internacional de literatura "Leggendo Metropolitano", que ocorre até o dia 5 de junho, em Cagliari, Itália.
Eis a entrevista.
Professor Bauman, o que significa hoje "felicidade"?
A declaração de independência estadunidense proclamou, entre os direitos invioláveis do ser humano, a sua busca: um marco para a civilização ocidental. As ideias de felicidade são muitas, mas que podem ser remetidas a duas categorias. A visão mais popular é a de uma vida plena de momentos agradáveis, sem problemas e desafios. A outra nos foi mostrada por Goethe. Já idoso, ele foi perguntado se a sua vida tinha sido feliz. Ele respondeu que sim, mas que não se lembrava de uma única semana em que o tivesse sido. Isso implica que ser feliz não significa não ter dificuldades, mas superá-las.
A atualidade mudou essas visões?
Definir o que significa ser feliz é muito complexo. A própria ideia de felicidade parece conter em si o pressuposto da sua não existência no mundo. A felicidade deve ser conquistada, mas, no nosso sistema de consumidores, vendem-se promessas de promessas de algo que nos fará nos sentirmos melhor. O mercado, em teoria, deveria aspirar a satisfazer todas as necessidades.
Na prática, porém...
Satisfazer os consumidores, na realidade, é o pesadelo do mercado: envolveria não ter mais nada para vender. Os especialistas, portanto, sabem nos manter continuamente insatisfeitos. A publicidade nos promete que seremos felizes com o novo celular, por exemplo, mas ela tinha feito o mesmo para o modelo anterior e vai refazer o mesmo para o posterior. Porém, milhões de pessoas correm para comprar.
O capitalismo está condenado, portanto, à infelicidade?
A atitude do sistema encoraja a ideia de que há algo que pode resolver todos os problemas e alimenta constantemente tal convicção. Isso torna os momentos de felicidade muito curtos. O problema é que somos constrangidos a gastar o dinheiro que ainda não ganhamos para comprar coisas das quais não precisamos para impressionar pessoas que não nos importam muito. Esse é o caminho para alongar os momentos de infelicidade.
É preciso repensar o nosso modo de nos imaginarmos satisfeitos?
É preciso redescobrir o prazer de comunicar. Eu não me refiro aos tuítes, mas a conversas de verdade. Há uma grande diferença entre encontros virtuais e tradicionais. Para voltar aos acontecimentos ao estilo antigo, cada um deveria diminuir as suas próprias demandas, mas o mercado tenta levantar as expectativas e faz isso nos forçando a pensar, desde crianças, que cada momento de felicidade deve ser melhor do que o anterior. Cada instante desperdiçado é uma chance de felicidade perdida.
A sociedade líquida ainda é capaz de ser feliz?
A ideia da sociedade líquida é de que nada permanece por muito tempo. Vivemos em um mundo de constante novidade, em que envelhecemos cada vez mais rápido do que antes. Estamos em um espaço vazio. Gramsci definiu essa situação como um interregno em que as velhas regras desapareceram, e as novas não foram inventadas. Isso gera ansiedade.
E para que cenários a ansiedade nos leva?
Quando eu era estudante, os professores diziam que aprender nos torna mais ricos. Eu acho que a cultura contemporânea não está mais fundamentada na capacidade de aprender, mas de esquecer. Para aprender outros conceitos, você deve eliminar os velhos. A maior qualidade seria, por isso, a habilidade de esquecer. Na Itália e na Espanha, vê-se menos isso. Na França, Alemanha, Inglaterra, a questão é evidente e é uma reação ao medo.
A crônica nos revela que muitos gostariam de respostas mais duras por parte da política: o medo está criando espaço para o retorno de regimes fortes?
Estamos voltando 200 anos atrás nas lutas por democracia e liberdade. Agora, desejam-se mais regras. Segurança e liberdade são valores fundamentais para a dignidade humana. A segurança sem liberdade é escravidão. A liberdade sem segurança é um tipo de deficiência. As pessoas, por séculos, procuraram equilibrar as coisas, e isso não funcionou. Cada passo em frente para a liberdade requer que se renuncie a uma parte da segurança. Cada passo rumo a uma maior segurança envolve renunciar a um pouco de liberdade. Não há um caminho direto para ter cada vez mais de uma ou da outra. É um pêndulo que oscila, empurrando para a mudança.
Hoje, oscilamos para a segurança.
Muitas pessoas, em diferentes partes do mundo, parecem ir na direção da renúncia a mais liberdades em favor da segurança, desejando uma situação mais estável. É a tendência atual. Ainda estamos em uma sociedade líquida, mas em que nascem sonhos de uma sociedade menos líquida.
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/555960-felicidade-privilegio-para-todos-entrevista-com-zygmunt-bauman
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